Após um primeiro dia dedicado a reflexões teóricas, o segundo dia do 4.º Encontro Nacional de Comunicação do Poder Judiciário teve início com oficinas práticas que transformaram conceitos em ação. Direcionadas a diferentes eixos de atuação, as análises de casos reais e dinâmicas permitiram que participantes aplicassem seus repertórios técnicos e experiências cotidianas. Foi o momento de aperfeiçoar estratégias, sempre com foco em uma Comunicação mais conectada às demandas da sociedade.
Gestão de crises em tempos de desinformação
Adriano Negrão Paladini, Assessor da Presidência do TJMSP, participou da oficina Gestão de crises em tempos de desinformação, conduzida por Armando Medeiros, especialista em Ciência Política e em Gestão de Riscos e Crises na Comunicação Política. De forma dinâmica e interativa, a oficina propôs um exercício prático em computadores, simulando cenários de crise provocados pela circulação de notícias falsas. O objetivo foi fortalecer a capacidade de identificar sinais de crise, estabelecer protocolos de resposta e agir com agilidade e responsabilidade diante do ambiente digital hiperconectado. A proposta reforçou a importância de uma comunicação estratégica que articule rapidez, precisão e credibilidade para preservar a imagem institucional mesmo sob forte pressão externa. A experiência contou ainda com a colaboração da secretária de comunicação do Conselho Nacional de Justiça, Giselly Siqueira.
Engajamento orgânico e presença digital institucional
Camilie Cardoso, Assistente Técnica de Gabinete que atua com foco na Comunicação Institucional, participou da oficina Comunicação digital: como ampliar alcance e engajar de forma orgânica, ministrada pela jornalista Jéssica Macedo. Com abordagem prática, a especialista apresentou orientações detalhadas para atuação em plataformas como Instagram, TikTok e YouTube, respeitando os limites éticos e a finalidade pública da comunicação no Judiciário.
Uma dúvida recorrente foi sobre a participação dos canais institucionais das Cortes em trends das redes sociais. Para os mediadores, incluindo Jônathas Seixas de Oliveira, Coordenador de Multimeios do CNJ, isso só faz sentido quando é possível concatenar o objetivo da postagem com o conteúdo em questão. Participar de uma trend que está em destaque apenas com o propósito de “fazer parte da conversa” não é uma abordagem alinhada com a estratégia da instituição, o que pode fragilizar a imagem institucional, em vez de fortalecê-la.
Comunicação ágil na prática: projetos com foco no cidadão
Silvana Martinucci, Assistente Técnico de Gabinete com foco em Assessoria de Imprensa, participou da oficina “Comunicação ágil na prática: projetos com foco no cidadão”, ministrada por Janaína Alcântara, Especialista em Comunicação Estratégica e servidora do Ministério Público de Goiás.
O objetivo da oficina foi a estruturação e execução de projetos de comunicação estratégica com base em princípios ágeis, visando aumentar a entrega de valor para o cidadão, com mais eficiência, clareza e colaboração institucional.
Na introdução, Janaína destacou a diferença entre a comunicação tradicional e a comunicação ágil. Segundo ela, “a comunicação tradicional entrega mensagens, a comunicação ágil entrega valor”. A comunicação tradicional é caracterizada por um planejamento fixo, foco no produto final, comunicação vertical e priorização do formato. Por outro lado, a comunicação ágil se baseia em entregas adaptáveis, na geração de valor desde o início, na colaboração contínua e na resolução de problemas como ponto de partida.
A partir desses conceitos, participantes foram conduzidos em exercícios práticos, desenvolvendo campanhas de comunicação mais assertivas, objetivas e centradas nas necessidades do cidadão. Durante a atividade, foi constantemente reforçada a importância de priorizar a entrega de valor — uma abordagem que melhora os resultados e também é capaz de transformar a maneira como a comunicação institucional se relaciona com a sociedade.
Comunicação interna além da intranet
Thais Manzotti Perez, Escrevente Técnico Judiciário, participou da oficina Comunicação interna além da intranet, ministrada por Aline Castro. A mediadora apresentou estratégias acessíveis e aplicáveis para fortalecer o engajamento das equipes por meio da comunicação institucional. Foram discutidos cinco pilares fundamentais — facilitar o trabalho, incentivar boas práticas, prestar reconhecimento, criar laços e fomentar o propósito — com foco em ações simples e efetivas, como o uso de linguagem clara, a curadoria de conteúdos e a valorização da escuta como instrumento de gestão. Ao final da oficina, na dinâmica de grupo, a servidora Thais teve a oportunidade de compartilhar algumas iniciativas do TJMSP, que receberam destaque entre os participantes. A TV corporativa foi elogiada pelo conteúdo personalizado, e a intranet, pela funcionalidade de notificação de novas matérias e pelo papel de hub institucional, reunindo informações administrativas, conteúdos segmentados e ações de gestão de pessoas. Outro ponto que chamou atenção foi a criação da Medalha do Mérito Funcional “28 de Outubro”, destinada a condecorar servidores(as) da Justiça Militar do Estado de São Paulo que se destacam pelo mérito, compromisso e contribuição ao fortalecimento institucional. O diferencial da iniciativa está no fato de que profissionais recebem indicação por seus próprios pares, o que reforça a cultura de reconhecimento entre colegas e valoriza trajetórias com base em critérios objetivos e funcionais.
Encerramento
Depois das oficinas, participantes acompanharam o painel O futuro da Comunicação no Poder Judiciário, que antecedeu a plenária final do evento. Durante a conversa, foram discutidos os principais direcionamentos para a construção de uma nova política de Comunicação Social no âmbito do CNJ, em substituição à Resolução CNJ nº 85/2009. A atualização das diretrizes busca contemplar os avanços tecnológicos, a demanda crescente por transparência e o papel estratégico da comunicação no fortalecimento da confiança pública no Judiciário.