Na tarde de quarta-feira (11/6), foi ministrada no auditório do edifício-sede do TJMSP a palestra “As imagens das COPs podem enganar?”, com o Coronel PM Valmor Racorti, Comandante de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O evento foi mediado pelo presidente da Corte, Desembargador Militar Enio Luiz Rossetto. A atividade foi voltada a servidores(as) da área criminal, assistentes de 1º e 2º grau, magistrados(as), integrantes da coordenadoria jurídica, procuradores(as) de Justiça e promotores(as), e teve como foco a reflexão sobre os limites técnicos e cognitivos das câmeras corporais no contexto de ações policiais.
Durante a exposição, o Coronel Racorti apresentou estudos científicos e experiências práticas que evidenciam as limitações desse tipo de tecnologia, especialmente em situações de confronto e alto estresse. O Comandante destacou que, por estar fixa no peito do policial, a câmera corporal não acompanha os movimentos da cabeça e dos olhos, o que compromete a fidelidade da perspectiva registrada. “É perigoso acreditar que a lente de uma câmera capta toda a verdade de um confronto”, afirmou.
Também foram abordados tópicos como a ausência de profundidade de campo, o impacto de obstruções corporais, a discrepância entre o que o policial enxerga e o que a câmera registra em ambientes com pouca luz, e a dificuldade de interpretação precisa de intenções e urgência em gravações bidimensionais.
A apresentação se baseou em estudos que discutem a tomada de decisão sob estresse com base em evidências da neurociência. O coronel compartilhou, ainda, vídeos e casos reais que ilustram a diferença entre a experiência vivida pelo policial e a narrativa construída por imagens limitadas ou fora de contexto.
A palestra contou com a presença de diversas autoridades, como o Ouvidor do TJMSP, Des. Mil. Orlando Eduardo Geraldi; o gestor das metas, Des. Mil. Clovis Santinon; o Des. Mil. Ricardo Juhás Sanches; o Juiz de Direito Marcos Fernando Theodoro Pinheiro; e os Juízes de Direito Substitutos Bruno Maciel dos Santos e Gabriela Barchin Crema. Representando o Ministério Público, estiveram presentes o Procurador Luiz Antonio Castro de Miranda e a Promotora Rita Assumpção.
Além de contar com a presença de servidores(as), colaboradores da Assessoria Policial Militar do TJMSP e policiais militares do CHOQUE, o evento também foi acompanhado pelo Capitão PM Aurélio Pequeno Santos Alves, Chefe da APMTJMSP, e o 1º Tenente PM Dr. Mário Henrique Camargos de Lima, responsável pelos atendimentos do Centro Médico da Corte, que contribuiu com considerações oftalmológicas relevantes à temática.
A iniciativa reforça o compromisso do TJMSP com o debate técnico e ético sobre as ferramentas utilizadas na persecução penal, reconhecendo tanto seu potencial como suas possíveis limitações, em certos contextos.